Voos caríssimos e caos nos aeroportos - poucos verão a família este Natal

Viajar de avião não está fácil, principalmente para quem deseja passar o primeiro Natal pós-pandemia com a família, no seu país de origem.

Viajar de avião não está fácil, principalmente para quem deseja passar o primeiro Natal pós-pandemia com a família, no seu país de origem. Source: AAP Image/AP Photo/Michael Probst

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Other ways to listen

Os imigrantes cheios de saudades da família e os australianos famintos por viagens de lazer estão a desembolsar centenas de dólares a mais pelos seus voos do que antes da pandemia da COVID-19, à medida que os preços sobem descontrolada e desmesuradamente. Muitos de nós iremos mesmo passar o Natal na Austrália.


Companhias aéreas e aeroportos com falta de pessoal foram apanhados de surpresa por um número inesperadamente alto de pessoas que desejam viajar após anos de fronteiras fechadas.

Por outro lado, a guerra na Ucrânia também está a fazer com que os preços dos combustíveis subam vertiginosamente.

Dados divulgados pela agência de viagens online Kayak mostram que o voo internacional económico médio de ida e volta custa aos australianos cerca de $1.761, com base em pesquisas de voos do mês de julho.

Este é um aumento de cerca de 14% em relação ao mesmo período no mês de maio.
Já os voos para os destinos de origem das diversas comunidades da SBS em Português também estão a um preço que talvez impeça muitos de nós de nos juntarmos às nossas famílias neste Natal.

Sendo que no Natal, os preços subirão mais ainda, as referências dos valores dos voos à data de hoje podem acabar com o sonho de muitos brasileiros, portugueses, timorenses e africanos de se juntarem à família até ao final deste ano.


Preço médio de um voo ida e volta, a partir de Sydney, à data de hoje:

  • Para Portugal - $2.064
  • Para o Brasil - $3.550
  • Para Timor-Leste - $2.032
  • Para África do Sul – $2.439

O CEO da Webjet, David Galt, disse aos media australianos que passagens aéreas mais caras significam que os australianos devem reservar voos com bastante antecedência para garantir preços competitivos, especialmente antes das temporadas de pico, como seja o período de Natal de 2022 e o verão europeu de 2023.

Custos de viagem no caos

O editor australiano do Frequent Flyer, Matt Graham, também comentou recentemente nos media que o estado dos preços dos voos está “caótico neste momento”:
Nunca vi passagens aéreas internacionais tão caras, a não ser quando as fronteiras foram fechadas durante a pandemia.
, disse Graham que ainda acrescentou o seguinte:
É uma loucura. Os voos domésticos, mesmo no Jetstar e Rex, que são opções tradicionalmente mais baratas, estão muito caras ultimamente.
Até 2022, Julho tem sido tradicionalmente um período mais caro para viagens comparativamente com o mês de maio, já que é quando as férias escolares australianas e as férias de verão no hemisfério norte coincidem.

Mas Graham disse que o aumento médio de 14% nos preços dos bilhetes é bastante mais alto do que o aumento sazonal típico de 5% a 10%.

Setor de viagens completamente apanhado de surpresa

Existem vários fatores que impulsionam os preços, e nenhum deles provavelmente será resolvido tão cedo.

Globalmente, as companhias aéreas e aeroportos demitiram muito do seu staff durante a pandemia, pois as viagens praticamente estagnaram enquanto o mundo tentava controlar a propagação da COVID-19.
Quando, finalmente, as companhias aéreas e os aeroportos tentaram atrair os trabalhadores de volta – no final do ano passado, quando acabaram as restrições nas fronteiras – o processo de contratação revelou-se lento.

Graham atribui esta dificuldade acrescida ao facto de empresas como a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA),  (que se revelou errada, entretanto) de que o número de viagens não seria totalmente recuperado antes de 2024.

Em maio de 2022, as viagens acabaram mesmo por voltar a 64,1% dos níveis de maio de 2019 - de 83% da IATA para todo o ano.
Acho que ninguém esperava que a demanda subisse tão rapidamente. A aviação não é uma indústria onde podemos, simplesmente, fechar a torneira e ligá-la novamente a todo o vapor.
, disse Graham.

A falta de pessoal significa que os voos atrasados ​​ou cancelados, as linhas de segurança comprometidas e as bagagens perdidas são neste momento a nova norma, quer nas viagens domésticas quer nas internacionais.

Estes problemas logísticos acabaram por frustrar os viajantes e forçar as companhias aéreas tais como, por exemplo, a Qantas, e aeroportos, tais como o de Heathrow, em Londres, a impor – o que pressionou ainda mais a subida dos preços dos voos, já que a procura tem vindo sempre a superar a oferta.

A guerra na Ucrânia veio subir os preços ainda mais

O conflito Rússia-Ucrânia está a aumentar ainda mais os preços dos voos.

O CEO da Qantas, Alan Joyce, disse em março aos media australianos que a oferta limitada de petróleo, com os preços encarecidos pela Rússia, poderia traduzir-se num aumento significativo das passagens aéreas na Austrália.

A subida dos preços dos voos chegou, então, aos 1% para cada aumento de $4 nos preços do petróleo.

Graham disse que a guerra também significa que os aviões estão a evitar voar sobre o espaço aéreo russo, aumentando assim, ainda mais, os custos:
Muitas das formas pelas quais as pessoas costumavam chegar à Europa já não são mais viáveis. Por exemplo, os voos do Japão que passam pela Rússia são impossíveis neste momento.
Graham explica ainda o seguinte: “Estes voos foram cancelados ou estão a circular ao redor da Rússia, o que adiciona quatro ou cinco horas ao voo, o que não é viável com os preços atuais do combustível. Depois há a escassez de mão de obra nos aeroportos, escassez de mão de obra nas companhias aéreas; está tudo uma grande bagunça, honestamente.”

Mas apesar de todos estes problemas que assolam a indústria de viagens, os aspirantes a Globetrotters não se deixam desanimar.

Segundo dados recentes do Finder, 57% dos australianos estão a planear uma viagem para os próximos 12 meses – acima dos 49% em dezembro.
A indústria da aviação continua naturalmente a encorajar as pessoas a viajar, mas é preciso que todos tenham presente de que nada será tão fácil ou rápido como era antigamente.

Aconselha-se, portanto, que os viajantes reservem voos diretos em vez de voos de ligação para minimizar o risco de voos intermédios de ligação perdidos, devido a atrasos ou cancelamentos.

Também é importante que se faça um seguro de viagem e se considerar investir em Apple AirTags para ajudar a encontrar eventuais bagagens perdidas – e há muitos casos relatados ultimamente, infelizmente.

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