Um monstrengo - Criação artística com 500kgs de lixo marinho sensibiliza jovens em Lisboa

A Skeleton Sea, pelas criações de Xandi e Alexander Kreuzeders, sensibiliza para o lixo no oceano Atlântico

A Skeleton Sea, pelas criações de Xandi e Alexander Kreuzeders, sensibiliza para o lixo no oceano Atlântico Source: AAP Image/Zikri Maulana / SOPA Images/Sipa USA

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Lisboa amanheceu neste fim de semana com este mostrengo mecânico feito de lixo marinho junto ao Campo Pequeno, a velha praça de touros de Lisboa – cada vez mais espaço para outros espetáculos, cada vez menos para touradas.


Latas de bebidas, a carcaça de uma mota, uma roda com pneu, correias, tubos vários, partes de um aspirador, pacotes de tabaco, garrafas de plástico, muitas redes de pesca, boias, os restos de um barco, sacos de ração, uma âncora, chinelos, potes de barro para apanhar polvos, bidons de combustível, regadores, cordas e mais cordas, pedaços de madeira, minúsculos plásticos de origem incerta, cabides. Todo o tipo de lixos que vão parar ao mar. Mas que alguém tenta recolher.

O mostrengo dá uns ares de dinossauro ameaçador, mas o que desassossega mais é saber que é composto por 500 quilos desses resíduos recolhidos em praias e zonas portuárias portuguesas.

Tudo isto é enquadrado pela Skeleton Sea, uma associação que desde 2005 se dedica a transformar em arte o lixo deitado ao mar, viu aí um bom pretexto para The Machine, uma escultura de sensibilização ambiental criada por Xandi Kreuzeder e a sua equipa.

Pretende ser, sobretudo uma sensibilização para crianças e jovens. Há, aliás, muitas escolas em volta e este lugar até está num dos acessos ao principal Campus da Universidade de Lisboa.

A Skeleton Sea, como nos lembra o jornal Público, não é estreante nas ruas de Lisboa. Em 2019 expôs no Oceanário esculturas de criaturas marinhas feitas de lixo, em 2020 pôs uma pérola gigante de plástico numa rotunda em Santo António dos Cavaleiros e em 2021 mergulhou um enorme dragão de plástico no Tejo, também ao lado do excelente Oceanário da capital portuguesa.

Os Kreuzeders, Xandi e Alexander, são dois dos fundadores e impulsionadores da Skeleton Sea. Com ações não só em Lisboa. Por exemplo, parte do lixo que o mar despeja nas praias da Ericeira, 50 quilómetros para norte de Lisboa, durante as tempestades de Inverno, é recolhido por Alexander Kreuzeder para o transformar em arte.

O alemão Alexander, artista plástico e amante do surf, vai para cinco anos, decidiu fixar-se na zona da Ericeira, no distrito de Lisboa, para surfar as ondas da única reserva de surf da Europa, mas também para desenvolver o projeto de educação pela arte da associação internacional Skeleton Sea, de que é co-fundador.

Através desta associação, promove todo o ano, mas sobretudo de Inverno, ações de limpeza das praias, envolvendo escolas, e organiza oficinas, onde as crianças aprendem a separar os resíduos recolhidos e a transformá-los em brinquedos ou objetos de arte.

Grande parte desse lixo é oriundo da pesca, como boias, caixas térmicas e rede. Ao lixo da pesca, junta-se o doméstico, de que são exemplo as embalagens de plástico de todo o tipo e os cotonetes.

Entre as peças já criadas por Alexander há um cavalo-marinho de dois metros, construído a partir de restos de cordas e de embalagens de plástico, assim como um enorme golfinho, feito a partir de restos de fatos de surf e dos sacos das pranchas.

Restos de cordas serviram-lhe já para construir um polvo, com mais de metro e meio de diâmetro, enquanto com tubos de plástico deram forma a um tubarão em tamanho real.

Para além da arte que é criada é poderosa a sensibilização para o mar ficar livre do lixo que produzimos. 


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