Espanha estuda introduzir três dias por mês de licença menstrual remunerada

Women buying sanitary products

A Espanha pode se tornar o primeiro país ocidental a introduzir licença menstrual. Source: Getty Images

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Uma proposta na Espanha pode colocar o país como o primeiro na Europa a oferecer às mulheres três dias remunerados de licença menstrual, caso tenham fortes dores por conta da menstruação. O gabinete espanhol discutirá as reformas planejadas após a ideia ter promovido um debate mais amplo sobre como os locais de trabalho devem lidar com essa questão do ponto de vista de saúde.


A dor menstrual é um problema de saúde ainda com um certo estigma associado, mas na Europa, o governo espanhol está trabalhando para mudar essas percepções.

Um projeto de lei pode incluir licenças menstruais estendidas de três a cinco dias por mês em algumas circunstâncias.

O secretário de Estado para a Igualdade da Espanha enfatizou a necessidade de definir o que é um período doloroso para que a política cubra sintomas graves, não apenas um leve desconforto.
Fundadora da marca de roupas íntimas Modibodi, Kristy Chong diz que sua motivação para introduzir uma política menstrual é normalizar a conversa sobre menstruação.

"Também queríamos introduzí-lo porque também acreditamos que para as mulheres possam participar plenamente da força de trabalho, precisamos remover todas as barreiras que existem, e isso certamente é uma barreira que impede as mulheres de irem ao trabalho e serem elas mesmas no trabalho." 

Ela diz que a política de seu grupo inclui dez dias extras de licença médica para funcionários por ano de licença remunerada para menstruação, menopausa e aborto, quando necessário.
Chong disse que é crucial remover o tabu e a vergonha para as mulheres que passam pela menstruação, menopausa ou aborto espontâneo.

"A realidade é que as pessoas estão sofrendo em silêncio. Pensar que as mulheres vão se aproveitar disso indevidamente é uma crença muito boba. E é baseada apenas no medo. As mulheres sempre sofreram com isso e provavelmente não são capazes de dar o seu melhor quando estão no trabalho."

A abordagem da Espanha faz parte de um pacote mais amplo para tratar a menstruação como uma condição de saúde e fornecer produtos higiênicos às alunas nas escolas. 

A Dra. Jane Connory, da Swinburne University, que analisa a publicidade desses produtos, diz que a licença menstrual é um passo para melhorar a igualdade de gênero.

Mas também beneficiará a comunidade em geral de outras maneiras por meio da representação.

"Serão pessoas trans que menstruam também. Pessoas que menstruam que se identificam como masculinas ou com o sexo masculino. Esse tipo de problema no local de trabalho também terá um efeito positivo se for discutido propriamente e aceito. Vai ser ótimo".

Ela também fez parte de um estudo nacional que mostra que alguns participantes às vezes se dizem doentes para não irem trabalhar devido à menstruação e suas complicações.

A professora da Universidade Monash, Susan Davis, que dirige o programa de pesquisa em saúde da mulher, disse que pouco ainda se sabe sobre as complicações causadas pelas dores da menstruação.

"Não houve um foco real em entender o quanto as mulheres sofrem com a menstruação. Os dois grandes problemas com a menstruação, na verdade são três principais problemas: sangramento intenso, dor e alguns sintomas pré-menstruais. Infelizmente, embora isso afete 50 por cento da população, ainda sabemos muito pouco sobre todas essas questões."

Ela diz que precisa haver um maior reconhecimento da dor debilitante, juntamente com uma investigação mais aprofundada dos sintomas para encontrar causas e tratamento.

Isso garantiria que a questão fosse explorada para as mulheres além da ideia de licença menstrual que algumas outras organizações australianas adotaram como a ModiBodi. 

O fundo de aposentadoria Future Super também adotou seis dias adicionais de licença para funcionários anualmente, que começaram em resposta aos resultados de uma pesquisa de engajamento de negócios.

A diretora de Recursos Humanos Leigh Dunlop diz que sua organização é progressiva e cerca de 42% dos funcionários qualificados acessaram a licença menstrual no Future Super.

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