A Austrália, a Amazônia e a criação de uma ‘biofábrica de chocolate do futuro’

Cupuacu (Theobroma grandiflorum), Super Amazonian Fruit with Extraordinary Nutritional and Cosmetic Properties

“O que já é uma riqueza ambiental, pode se tornar uma riqueza econômica, com a ajuda de altíssima tecnologia," diz Ismael Nobre, do projeto Amazônia 4.0 Source: Getty Images/Alexandre Morin-laprise

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Como auxiliar no desenvolvimento sustentável da Amazônia e ao mesmo tempo proteger a maior floresta do mundo? O Projeto Amazônia 4.0, que conta com o apoio da Austrália, tenta responder a essa difícil questão. Pensado e desenvolvido por cientistas brasileiros, o ‘Laboratório Criativo da Amazônia’, é uma unidade móvel com equipamentos de última tecnologia que pode ser transportado para o coração da floresta. O objetivo é capacitar as comunidades rurais que vivem do extrativismo do cupuaçu/cacau, ou açaí, a aprenderem a produzir produtos mais valiosos como chocolate e suco. Ismael Nobre, co-líder do Projeto Amazônia 4.0, fala do conceito revolucionário de equipar e capacitar as populações interioranas da floresta e do interesse da Austrália no projeto que pode ser adaptado a qualqer matéria prima e indústria. Confira o último dos cinco episódios da série Austrália no Brasil, de parcerias e apoio entre os dois países.


“É uma espécie de fábrica do chocolate do futuro,” diz Ismael Nobre, biólogo, co-líder do Projeto Amazônia 4.0 sobre o projeto inovador de auxiliar as comunidades ribeirinhas, quilombeiras e rurais da Amazônia a produzirem seu próprio chocolate.

“A região amazônica é a maior produtora de amêndoa de cacau do Brasil, só que praticamente não se faz chocolate lá só se vende a amêndoa. A amêndoa custa em torno de R$10  (AU$2) o quilo, mas o chocolate que pode ser feito dela custa até R$300 o quilo (AU$68),o que aumenta o valor do produto em até 3300%.
Coco Harvest, Brazil, Amazon, Combu Island, Caboclo Farmer (Mixed Indian And European Race) Harvesting Coco, A good example of sustainable farming in the Amazon
A amêndoa de cacau custa AU$2 o quilo, mas o chocolate que pode ser feito dela custa até AU$68 o quilo, o que aumenta o valor do produto em até 3300%: produto movimenta no mundo milhões dólares mas uma fração modesta fica na Amazônia. Source: Universal Images Group via Getty Images


“Queremos mostrar que o que já é uma riqueza ambiental, pode se tornar uma riqueza econômica. O segredo é fazer agregação de valor, tornar esses produtos da floresta em produtos mais valiosos. A única maneira de fazer isso é utilizando altíssima tecnologia e capacitando os moradores da Amazônia.”

Segundo Ismael, ao capacitar as comunidades rurais amazônicas, o desmatamento e exploração da terra por grandes produtores rurais diminui.  

Para isso Ismael desenvolveu ‘Laboratórios Criativos da Amazônia’, supramodernos móveis. Eles serão transportados por avião, barco e levados para onde essas populações vivem e ali capacitá-los a transformar matéria prima em produtos mais acabados. “A ideia é levar esses laboratórios super equipados para o coração da floresta. Os laboratórios vão capacitar pessoas para a prender a produzir chocolate, suco de açaí, e qualquer outro matéria-prima que queiram transformar em produto.”
Amazonia 4.0
Planta do Laboratório Criativo Cupuaçu-Cacau, a biofábrica de chocolate do futuro: unidade móvel levará inteligência artificial, sensores digitais, impressoras 3D e drones a comunidades ribeirinhas da Amazônia Source: Projeto Amazônia 4.0
O valor total do projeto é de R$ 1.8 milhão (AU$415,027).  A Austrália, pelo programa de ajuda humanitária (DAP), colaborou na criação do  ‘Laboratório de Produção’ – onde o maquinário que vai equipar os Laboratórios Criativos móveis são produzidos. 

Em 2019-20, o DAP apoiou cinco projetos sociais brasileiros focados principalmente na resposta à pandemia da COVID-19: , , , bioeconomia amazônica e .
Fire in the Amazon region of Brazil
Cientistas brasileiros acreditam que desenvolvimento sustentável de uma economia verde pode frear a devastação da floresta amazônica Source: NurPhoto
A entrega do primeiro Laboratório Criativo da Amazônia foi atrasada por causa da pandemia da Covid-19, que na Amazônia teve efeitos devastadores.

Agora a previsão é de que o primeiro Laboratório Criativo de cupuaçu e cacau seja entregue no primeiro semestre de 2022.
Women work inside a boat extracting the cocoa pulp from the fruits. Boca do Acre, Amazonia, Brazil, April 8th 2011
Amazonia 4.0: "O objetivo é capacitar as comunidades rurais que vivem do extrativismo do cupuaçu, cacau, a aprenderem a produzir produtos mais valiosos como chocolate" Source: Paulo Fridman/Corbis via Getty Images
As comunidades/associações que serão beneficiadas pelo Laboratório Criativo da Amazônia Cupuaçu-Cacau são: Associação dos moradores Quilombolas de Moju-Miri, Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Município de Belterra - (Amabela), Associação de moradores da comunidade Bom Jardim, região do Baixo Rio Acará e Associação de moradores da Reserva Extrativista Arapiuns-Tapajós.   

“Essa ideia surgiu aqui no Brasil, cientistas de ponta resolveram pensar de forma aberta em como mudar a realidade da Amazônia, a tecnologia nunca foi efetivamente utilizada, não podemos perder mais tempo para resolver essa briga entre desenvolvimento e conservação, vamos fazer desenvolvimento com conservação.”

Ouça a reportagem completa clicando no link que da foto principal que abre essa reportagem.

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