'Ajuda muito uma pessoa queer morar fora do país de origem'

Gabriela Loureiro

Gabriela Loureiro, professora de Sociologia da Universidade de Wollongong: "É muito difícil coibir as pessoas de viverem sua sexualidade. È uma força muito forte. E a identidade de gênero também, pois uma coisa está ligada à outra." (Michael Gray/UoW - Supplied)

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Conversamos com a brasileira Gabriela Loureiro, professora de Sociologia da Universidade de Wollongong e pesquisadora sobre estudos de gênero, sexualidade e feminismo no âmbito das redes sociais. Identificando-se como uma pessoa queer, Gabriela também fala sobre a diferença de viver a sexualidade no Brasil e fora dele, primeiro no Reino Unido e, agora, na Austrália. E aponta ser interessante que, na experiência no exterior, há a possibilidade de exercer a sexualidade e identidade de gênero sem as amarras do passado.


Escrever reportagens sobre questões de gênero e direitos das mulheres era algo que a então jornalista Gabriela Loureiro fazia com muito frequência. Natural de Santa Maria (RS), morava em São Paulo e produzia conteúdo para publicações da Editora Abril, do Grupo Globo e o Huffington Post brasileiro.

Logo Gabriela percebeu que usava o jornalismo como uma maneira de aprender mais sobre estes temas. E então, por que não estudar diretamente isso?

Acabava ali uma jornalista e nascia a cientista social Gabriela Loureiro, atualmente professora de Sociologia da Universidade de Wollongong, em Nova Gales do Sul.
Gabriela Loureiro
Gabriela Loureiro, professora da Universidade de Wollongong: "No Brasil, o nível de desigualdade social leva a essa taxa de violência tão alta, a esse medo e também à polarização política. Em países mais ricos, por uma questão de exploração de outros países, há menos desigualdade social e, portanto, menos violência." (Michael Gray/UoW - Supplied)
A transição de carreira foi um processo desenvolvido fora do Brasil. Candidatou-se para uma bolsa de mestrado e, na segunda tentativa, se viu em Leeds, na Inglaterra, para estudos de gênero. Estudou o que chama de "politização dos nudes" - quando pessoas de sexualidade não binária postam suas fotos como uma forma de extravasar sentimentos para uma libertação que, longe dos teclados, pouco ou nenhum espaço têm.
Ajuda muito uma pessoa queer morar fora (do país de origem) por se encontrar um ambiente sem julgamentos anteriores sobre quem se é. É mais livre para exercer sua sexualidade e identidade de gênero de uma maneira não tão aprisionada ao passado.
Gabriela Loureiro, professora de Sociologia da Universidade de Wollongong.
Depois Gabriela ganhou bolsa para um doutorado na West London University e trabalhou como pesquisadora na Queen Mary University em um projeto sobre imigrantes e contato com as famílias durante a pandemia de COVID-19.

Foi também professora de Sociologia das Emoções na Universidade de Edimburgo e Sociologia dos Relacionamentos Íntimos, até se candidatar e passar a uma vaga de emprego na Universidade de Wollongong, onde há um ano dá aula de Introdução à Sociologia e também Gêneros e Sexualidades.
Na Austrália eu sinto uma grande aceitação sobre minha sexualidade. Meus vizinhos são conservadores, mas me tratam super bem. Parece ser um pouco mais aberto.
Gabriela Loureiro.
Nesta conversa com a SBS em Português, a professora Gabriela Loureiro reflete sobre o papel das redes sociais tanto na vivência sexual das comunidades LGBTQIAP+ quanto na luta política do feminismo em um momento de crescente ataque de movimentos de extrema-direita.

Identificando-se como uma pessoa queer, Gabriela também fala sobre a diferença de viver a sexualidade no Brasil e fora dele, primeiro no Reino Unido e, agora, na Austrália. E aponta ser interessante que, na experiência no exterior, há a possibilidade de exercer a sexualidade e identidade de gênero sem as amarras do passado, o que para muita gente pode ser libertador.

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